As relações e o desenvolvimento infantil: especialista dá dicas para pais e responsáveis


Por Marketing

07/11/2023

Em um mundo de relações cada vez mais frágeis e digitais, construir relações saudáveis para o desenvolvimento infantil pode parecer um desafio para os pais e responsáveis. Com tantas mudanças comportamentais, isolamentos físicos e familiares, é natural que os relacionamentos se transformem ao longo do tempo, adquirindo novos significados.

 

Para contribuir com o tema e compartilhar dicas para criar relações que apoiem o desenvolvimento das crianças, convidamos a especialista Cristiane Pereira da Silva, Psicóloga Clínica e Psicanalista em formação, para dar algumas dicas sobre o tema. Ela atua com crianças, adolescentes e adultos e possui diversos cursos voltados para a área do desenvolvimento infantil, transtornos da infância e adolescência, concluindo especialização em Psicanálise, clínica e cultura.

 

Uma das primeiras formas de potencializar as relações, segundo a psicóloga, é compreender como uma criança se desenvolve para se transformar em um ser humano, do ponto de vista cognitivo.

 

“É importante entender que o sujeito se estrutura a partir da relação com o outro. Nos primeiros meses e anos de vida, ele entende o mundo a partir da linguagem de afeto”, explica.

 

Isso quer dizer que todo o cuidado, atenção e carinho dados pelos pais ou responsáveis nessa fase inicial da vida, ajuda a construir a percepção dela sobre o mundo.

 

Até os três anos de idade, o bebê se constitui na fase de alienação. E o que isso significa? A criança acredita apenas no discurso dos seus cuidadores, porque é neles que ela confia. Ainda não está profundamente conectada com o outro ou com pessoas diferentes de seu convívio familiar.

 

A partir dos quatro anos, ela começa a se destacar como ser e sai do seu mundo mais individual, passando a ter um olhar para o mundo e percebendo as pessoas ao seu redor.

 

A importância do convívio social para as relações

 

De acordo com Cristiane, a introdução dos pequenos ao meio social, como creches ou escolinhas, é de fundamental importância para ampliar a percepção deles sobre o mundo real.

 

“Quando eles passam a conviver com outras crianças, percebem que existem coisas, situações e movimentos diferentes do que existem na sua casa. E essas descobertas são muito potentes para o desenvolvimento infantil”, ressalta.

 

É por meio do exercício de observar e notar as diferenças que a criança irá perceber outros jeitos e formas de se relacionar, agir ou simplesmente fazer coisas.

 

Além disso, o convívio com pessoas da mesma idade contribui para a chamada humanização e educação horizontal, em que as crianças têm a liberdade de experimentar, criar e descobrir algo em conjunto.

 

“É neste momento que elas aprendem a entender limites, os perigos, a diversão e até onde podem ir na relação com o outro. E isso é muito rico.”

 

 

Conhecer os filhos é uma forma de identificar comportamentos e alterações

 

Como saber se a timidez do seu filho ou dificuldade para fazer amigos é normal ou um possível transtorno de humor, ansiedade ou outra questão? Com tantos diagnósticos rondando o universo infantil, é natural que questionamentos como esse possam surgir.

 

A dica da especialista é evitar o desespero e focar em conhecer e entender o filho, para compreender seus sentimentos, aflições, medos e, assim, desmistificá-los quando necessário. Ou, em situações em que há alguma anormalidade, buscar ajuda profissional.

 

Outro cuidado é analisar se existe alguma anormalidade de fato no comportamento, ou se talvez os pais estão projetando uma imagem que gostariam dos filhos, que não corresponde com a realidade, afinal, cada criança tem uma personalidade.

 

Contar com o apoio da equipe escolar também ajuda,  já que os educadores possuem capacidade e conhecimento para perceber situações incomuns, e assim, alertando os responsáveis a buscar ajuda profissional.

 

“É muito importante estarmos conectados com o estilo dessa criança. O que ela verbaliza, conta ou fala sobre ela. Estimule o diálogo e seja próximo do seu filho”, reforça a psicóloga.

 

Amizades como ferramentas de desenvolvimento

 

Sabe aquele ditado: quem tem amigo, tem tudo? Não é por acaso que ele existe. Os círculos de amizade, aqueles que vão além do núcleo familiar,  são verdadeiros pilares na vida das pessoas. E isso começa desde a infância.

 

A psicóloga explica que somente a partir dos 7 anos que há uma condição cognitiva para compreender os sentimentos de forma completa. Antes disso, a compreensão do afeto se dá pela sensibilidade.

 

Por isso, as escolas exercem um papel fundamental ao ensinar os valores e relações, como amizade, carinho e amor, para que elas possam ir aprendendo e se preparando para nomear esses sentimentos e emoções.

 

Os pais podem explorar esse período inicial para demonstrar o afeto de diferentes formas, para que as crianças possam ir associando e aprendendo aos poucos. Abrace, estimule as brincadeiras e o cuidado como parte da educação. Afinal, o amor transforma de todas as maneiras!

E muito além disso, os pequenos são grandes observadores, associam por meio do que visualizam. Ou seja, é preciso dar o exemplo por meio de atitudes diárias.

 

Em todo esse processo de desenvolvimento, as relações são cruciais para oferecer um lugar seguro. Desde o início da vida, em que os pais são o símbolo de segurança, até o crescimento e o início da vida social, em que começam a surgir os laços de amizade com outras crianças.

 

Dica final

 

Já deu para notar que não existe receita mágica quando o assunto é maternidade/paternidade, não é mesmo? Mas com amor, carinho e cuidado, tudo é possível. Esteja presente na vida do seu filho, converse, escute e disponibilize um tempo de qualidade. Sem dúvidas, esse é o melhor caminho para contribuir com o desenvolvimento infantil!